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segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Sorriso da Estrela de Aleilton Fonseca

Recomendo a leitura do conto Sorriso das Estrelas de Aleilton Fonseca. Ele pode ser encontrado no livro Jaú dos Bois (1997) e Desterro dos Mortos (2001).

O conto Sorriso das Estrelas de Aleilton Fonseca desenrola no velório de Estela, uma menina de 13 anos. Pedro, o narrador-personagem-menino, diante da morte de sua irmã Estela evoca lembranças de suas infâncias e apresenta ao leitor pontos dolorosos do passado. São imagens arranhadas que vão sendo reconstruídas ou recuperadas por meio das lembranças evocadas no ato de memorar. A relação dos irmãos é tecida por sentimentos de afetos, mas, também por sentimentos perversos e mesquinhos. Aleilton Fonseca revela sua intimidade com a infância e, de forma bela e sensível, clareia o seu lado oculto que, diversas instâncias sociais da modernidade, como família, escola, pediatria, religião entre outras tentaram esconder sob o manto mitificado da pureza e do angélico. São imagens literárias que permitem imageações que as transfiguram poeticamente por entre solidão, tensões, contradições, afetos, carências paternas e maternas, perversidades, amores. São crianças invisíveis que transitam no mundo adulto como fantasmas que ainda não se fixaram no outro plano, sugerindo uma existência em duas temporalidades passado/presente, infancialidade/adultez. Nesse conto há a promoção do encontro com a alteridade da infância, com a sua interioridade, com a maneira íntima de a criança sentir o mundo e de significar as coisas desse mundo, a infância como acontecimento, experiência e tempo, um infancializar-se. A possibilidade de a infância realizar-se como tempo/existência poética na trajetória criança.