Minha lista de blogs

segunda-feira, 23 de março de 2009

A cyberinfância


Orkut, msn, e-mail, quartos lan hause ,webcamaras ...


A cyberinfância nos faz reafirmar a infância como enigmática, como um acontecimento que nos escapa. Penso nisso sempre que ouço falar sobre a inserção das crianças no cyberespaço. A infância tão protegida do mundo adulto pelos mecanismos de controle social, agora vaza em uma temporalidade e especialidade virtual via cabos, fios e webcamaras. Essas infâncias são vividas por crianças conectadas á esfera digital dos computadores. Assim, próximas e distantes em um mundo paralelo inventam a ceyberinfacialidade.


A inserção da criança no mundo digitalizado carece de ser amplamente discutida em todas as esferas da sociedade. O mundo virtual é real.

sexta-feira, 20 de março de 2009

MIGUILIM

A leitura deste livro é um aprendizado valoroso e rico sobre a passagem criança-adulto. È uma narrativa sensível sobre a infância a partir do olhar da criança.


Vejamos um fragmento do romance

"Pai não bateu em Miguilim. O que fez foi sair, foi pegar as gaiolas, uma por uma, abrindo, soltando os passarinhos, os passarinhos de Migulim, depois pisava nas gaiolas e espedaçava. Todo mundo calado. Migulim não arredou do lugar. Pai tinha soltado os passarinhos todos, até o casalzinho de tico-tico reis que Migulim pegara sozinho, por idéia dele mesmo, com peneira, na porta, na porta da cozinha, uma vez. Miguilim ainda esperou para ver se Pai vinha contra ele recomeçando. Mas não veio. Então Migulim saiu. Foi ao fundo da horta, onde tinha um brinquedo de rodinha d’agua--sentou o pé, rebentou. Foi no cajueiro, onde estavam pendurados os alçapões de pegar passarinho, e quebrou todos. Depois veio, ajuntou os brinquedos que tinha, todas as coisas guardadas─ os tentos de olho de boi e Maria –preta, a pedra de cristal preto, uma carretilha cisterna, um besouro verde com chifres, outro grande, dourado, uma folha de mica tigrada, a garrafinha vazia, o couro de cobra pinima, a caixinha de madeira de cedro, a tesourinha quebrada , os carretéis, a caixa de papelão, os barbantes, o pedaço de chumbo, e outras coisas eu nem quis espiar--- e jogou tudo fora, no terreiro. E então foi para o paiol. Queria ter mais raiva"( ROSA, 2001, p.139/140)


Nessa belíssima passagem, Guimarães descreve um duelo entre o pai e filho, o adulto e a criança. Na destruição física dos brinquedos ocorre o confronto da criança com o pai. Migulim, ao quebrar seus brinquedos simbolicamente mata a criança e faz surgir o adulto que ainda vai ser. Por um instante, torna-se adulto, antecipa o futuro e ultrapassa a margem que o separa do mundo adutizado. Só assim consegue enfrentar o seu pai.

quinta-feira, 19 de março de 2009

A cegueira da escola

O jornal da Rede Globo transmitido no horário das 13:00 apresentou uma reportagem sobre um aluno de cinco anos que foi torturado por sua professora. Teve sua boca lacrada com fita adesiva. Acredite, aconteceu e ela confessou.

Na sua confissão disse que lacrou a boca do garoto para que ficasse calado na sala de aula. E teve o cinismo de dizer que tal monstruosidade foi resultante de um “momento de fragilidade”. Ao qualificá-la como “ boa educadora”, até pouco instante do acontecido, no mínimo é legitimar a justificativa cínica de que foi “um momento de fragilidade”.

O caso só foi conhecido porque a família denunciou. Era obrigação da escola denunciar e apurar essa atrocidade que ocorreu entre seus muros e paredes. Por sinal, quando os muros e paredes da escola forem derrubados veremos o quanto esta instituição é deformadora de mentes.

As crianças historicamente são silenciadas, o que esta professora fez foi materializar essa condição de subalternidade de forma cruel.

Postado por Tereza às 07:27

quarta-feira, 18 de março de 2009

INFÂNCIA NO CINEMA: "MACHUCA"



O filme Machuca é uma boa opção para quem deseja compreender a infância sem a direção do conhecimento dos especialistas da ciência. Penso que todos que participam do ajustamento das crianças para o mundo adulto- professor, mãe, pai etc., deveriam olhar este filme com bastante atenção. È a sociedade sob o olhar impregnado de subjetividade das crianças.

Bom filme!

Título no Brasil: MachucaTítulo Original: Machuca
País de Origem: Chile / Espanha / Reino Unido / França
Gênero: DramaTempo de Duração: 121 minutos
Ano de Lançamento: 2004Site Oficial: Estúdio/Distrib.: Mais Filmes
Direção: Andrés Wood

domingo, 15 de março de 2009

A cegueira sobre o trabalho infantil


A mídia vem frequentemente denunciando o trabalho infantil. Todos sabem que os pequenos agricultores acionam a família no calendário produtivo e que trabalham com a exaustão do corpo.

Todos sabem que as crianças trabalham em minas de carvão como mão- de - obra escrava. Todos sabem que as crianças estão nas sinaleiras trabalhando.

Na cadeia produtiva o consumidor brasileiro alimenta esse quadro de exploração. A indústria, não só de cigarro, comercializa produtos obtidos com a mão de obra infantil.

A sociedade julga moralmente os pais das crianças pobres que permitem que elas trabalhem, ao tempo em que deixamos de questionar o trabalho infantil de crianças oriundas de classe sócias médias e altas que trabalham na mídia, por exemplo, como apresentadoras, atrizes, modelos, cantores etc.

O que de fato estamos julgando? O que continuamos a fingir que não vemos?
Um menino nasceu - O mundo tornou a começar .Guimarães Rosa

A infância pensa

Podemos dizer que a curiosidade é um traço nato das crianças
As indagações da existência, toda a curiosidade de vida
A curiosidade das ocupações, dos verbos, das relações homem-mundo e das convenções
Podemos dizer que nascemos com tais necessidades
Seria a filosofia uma ciência-criança?
Até quando podaremos e castraremos os sonhos de conhecimento que nascem com as crianças? Até quando no cegaremos frente ao fato delas serem seres capazes de futuros e cultivadoras de lindas paisagens?
As crianças são acima de tudo seres da existência mundana Construtoras intelectuais e merecedoras de cuidados
Negar esses caminhos seria negar-lhes a sua humanidade? Até quando?!


Por Marcus Dutra
marcusnaíma